quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Relatório de visita à Escola Cantalice Magalhães

Formação continuada de professores de Educação Física – PMJP
16 de junho de 2008

A escola está situada no Bairro das Indústrias em área de periferia da cidade, com difícil acesso. Funciona com 13 salas de aula, do 1º ao 9º ano, com turmas de EJA, Acelera e Se liga (projetos da ONG Airton Senna).
Deparamos-nos com os alunos no horário do lanche, refeição minguada composta por seis biscoitos com um copo de iogurte de morango.
Conversamos incialmente com a Diretora da escola que reclama da obra prometida para recuperação e cobertura da quadra, que segundo ela “botaram para a Anayde Beiriz (escola)”, “a gente quer acabamento, conclusão de nossa quadra, faz oito anos que a gente nesse vai-vai, acho que deveria ser assim: primeiro a nossa, pra depois a de lá que é uma escola nova, ta começando agora, conversei até com Ariane (Secretária de Educação) dizendo que eu não entendi o porquê de começar por lá primeiro”.
Fala das condições precárias para as aulas de educação física e relata que utilizou dinheiro do FNDE para dar conta daquele velho problema do vizinho que nunca devolve as bolas que caem em sua casa:
“Peguei o dinheiro do PPDE e botei aquele alambrado, porque é um problema com o vizinho que é brabo e toda a bola que cai do lado de lá ele rasga ou não devolve, mas é caríssimo esse negócio, além do lado de que cá das salas (sic), o professor ta dando aula e de repente uma bolada”, mostrando que a curta distância entre a quadra e a sala de aula.
A diretora aproveita e mostra o vestiário da quadra que terminou virando depósito do material de educação física, e afirma que ainda não chegou material de educação física este ano.
A professora de Educação Física é prestadora de serviço há quatro anos. Leciona em 6 turmas do 1º ao 3º ano (tem uma turma do Se liga). Diz que trabalhava à noite, mas afirma que houve uma reformulação e o “Prefeito” tirou a possibilidade dos professores trabalharem 60 horas e que agora a carga horária máxima é de 40 horas semanais. Por isso acha que a escola está sem professor de educação física a noite.
A professora ministra aula de Dança Circular, Alongamento e Yoga e também trabalha em outra escola Municipal (João Medeiros, no Bairro dos Novaes).
A mesma reclama da falta de bolas e diz que tem que trazer de casa (o outro professor trabalha com voleibol e possui uma única bola), diz que perderam a chave do depósito da sala improvisada de educação física, que na verdade é um banheiro e, por isso, não tivemos acesso. Reclama das condições do trabalho quando fala da precariedade de recursos materiais e das instalações físicas:
“Tenho que trazer o som de casa para poder dar aula de dança e ensaiar para o São João, hoje não trouxe o som, estamos sem ensaiar... o som daqui ta empipinado, é complicado aqui, viu.”
“Tem um colchão grande rasgado que dá para fazer aula de ginástica de solo, precariamente, mas dá, mas só até às 9h, porque não tem quem agüente o sol, depois das 9h, o sol torrante”
Com relação aos alunos afirma:
“Os alunos do Acelera e Se Liga são alunos que a gente chama de danado, rebelde, que não gosta de estudar.”
Continua relatando as condições de trabalho:
“As dificuldades são tantas, você já está vendo a quadra, o aluno caiu tem que estar com PVPI direto, minha bolsa é cheia de remedinho aqui, PVPI, gaze, enfim. Olha, o muro ta caindo, a gente já falou com a secretaria, então assim, o recreio daqui foi excluído, porque foi um medo muito grande os meninos tavam vindo pra cá (para o muro), era melhor tirar (o recreio) do que terminar um morrendo. Era muita violência no recreio.”
Faz um apanhado geral das dificuldades do trabalho com a educação física:
“As dificuldades aqui: a quadra não é coberta, o piso é grosso, caiu se arrebentou, não dá pra fazer, por exemplo, uma aula de capoeira, não dá pra fazer uma aula perfeita de ginástica de solo, porque os meninos não suportam sol – tia ta queimando as minhas costas. Entrou na quadra eles não podem mais sair para tomar água, pois não tem bebedor na quadra, só quando termina a educação física.”
“Os alunos são muito indisciplinados, muita briga com canivete, mas graças a deus melhorou muito, alunos de 1º ano com canivete, por isso que foi tirado o recreio desde o ano passado.”
Comenta sobre um dos alunos que passou e falou conosco:
“Esse menino que passou e que tava descalço, nós tivemos muitos problemas com esse menino, esse menino vinha para escola de manhã e de tarde ia roubar, mas graça a deus nós conversamos com a família, a família dele é muito carente, vende garrafas plásticas e foi uma luta com esse menino durante dois anos.”
Como trabalha com dança, diz ter dificuldades em trabalhar com tal conteúdo:
“A aula de educação física não avança por causa dessa quadra, porque aí nós poderíamos fazer aula de dança e yoga e o que eles precisam mais aqui é aula de alongamento e de yoga... e capoeira. Então a gente faz assim, o básico do básico.”
“A aula de dança acontece o seguinte, eu tenho que trazer o som de casa, eu sei que o projeto é a parte, mas assim comentando, então se eu quiser dança na aula de educação física, que eles adoram, amam de paixão, eu tenho que trazer som de casa e extensão, e aí ou eu uso aquele espaço (pátio) ou eu uso a sala de aula.”
Mostra uma sala de aula com alunos do 1º ano e tece a crítica, apontando para uma sala pequena e inadequada, aparentemente improvisada:
“Aqui é como se fosse depósito dentro da sala de aula”.
Diz que por vezes atuou como agente de limpeza de certas áreas da escola:
“Aqui eu dava aula de educação física, mas estou sem tempo de limpar (mostra área da escola com mato), eu literalmente limpei, fiz uma campanha com os meninos para limpar lá do outro lado, mas graças a deus a gente já conseguiu uma pessoa da EMLUR para limpar, mas antes quem limpava era o professor de educação física, na outra escola é ainda assim que acontece.”
Por fim, apesar de todas as dificuldades, afirma o compromisso com a profissão:
“Tem duas bolas velhas e rasgadas, quando a gente quer dar uma aula legal a gente tem que trazer bola de casa.”
“A gente tem que falar nas dificuldades e tem que enfrentar.”

Lauro Pires Xavier Neto

LIÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - MÉTODO FRANCÊS.

Educação Física Elementar: destinada às crianças de 4 a 13 anos, mais ou menos. (4º. Grau crianças de 11 a 13 anos)

Aula:
1) Sessão preparatória. (10 min)
Evolução: marcha lenta = marcha em espiral = marcha em forma de 8.
Flexionamentos: de braços= flexão no plano antero-posterior
= elevação horizontal dos braços.
= elevação lateral dos braços, com flexão dos ante-braços no plano horizontal. (51 – p. 106)

De pernas: = mãos nos quadris – elevação da perna estendida. (58 - p.110)
= mãos nos quadris – elevação do joelho, extensão da perna (59 – p. 111)
= mãos nos quadris – flexão das pernas, joelhos afastados (61 – p. 112)

De tronco: = afastamento lateral, mãos nos quadris, inclinação lateral do tronco (69 – 1117)
= deitado – flexão do tronco - elevar a cabeça e o tronco e continuar o movimento para frente em direção as pernas. (76 – 121)

Combinado: = pernas e tronco – mãos nos quadris – flexão do tronco com elevação da perna para trás. (82 – p. 125)

2) Lição propriamente dita: (25 – 30 min)
= marcha com elevação do joelho (118 – p. 146)
= marcha alongada com o tronco flexionado (122 – p. 148)
= passar objeto (bola) por entre as pernas e sobre a cabeça (247 – p. 221)
= corrida com esquiva = mudança brusca de direção.
= transportar = cadeirinha (265 – p. 231)
= lutas = deslocar o adversário segurando pelo punho (366 – p. 283)
= Jogo = basquete na cadeira.

3) Volta a calma: (5 min)
= caminhar com respiração profunda
= caminhar assobiando o hino do Flamengo. (!)


• Todas as atividades da segunda parte da aula deve ser repetida entre 8 e 10 vezes.
• Todas as atividades em ordem unida e sob o comando do professor.
• Material: bolas, apito, cordas e giz.

INDICADORES PARA ANOTAÇÕES DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

SÉRIE_______TURMA_______NºALUNOS_________Nº AULAS__________

1. QUANTO AOS ALUNOS
Trabalho em equipe, cooperação, formulação e recepção de críticas, assiduidade, relação com a escola (professores, direção).

2. GESTÃO DA MATÉRIA: operações para levar os alunos a aprenderem o conteúdo

3. GESTÃO DA CLASSE: atitudes de intervenção sobre as situações de aprendizagem

4. AUTO-AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DAS AULAS: Realização de avaliações e
registros das intervenções tanto pessoal como dos alunos e outros membros da escola

Relatório da visita à Escola Municipal Anita Trigueiro - PÓLO 7

Este relatório faz parte da formação continuada de professores da rede municipal de João Pessoa, sendo fruto da visita do professor Fernando José de Paula Cunha à Escola Municipal Anita Trigueiro, localizada no bairro do Altiplano. A visita foi marcada, com os professores do Pólo 7, na formação realizada no dia 23 de maio. O dia da visita foi 5 de junho, uma quinta-feira pela manhã no horário das 8:00h às 11:30h, onde estavam presentes as professoras da própria escola (Selma, Maria das Dores e Fátima Maria); da Escola Municipal Nazinha Barbosa (Edna e Neide); Escola Municipal João de Deus (Vera); Escola Municipal Matias Freire (Verônica) e Escola Municipal Frei Albino (Zuleneide). A professora Selma reservou a sala de vídeo da escola para que pudéssemos nos reunir. Iniciamos a formação com a apresentação da proposta de trabalho, comentando sobre os objetivos dos encontros e de como seria nossa dinâmica até o final do ano, sempre tentando tirar as dúvidas e esclarecendo os passos tomados até então. Também foi reservado um momento da reunião para a apresentação de um texto a ser lido pelos professores para o nosso próximo encontro, com o intuito de termos um ponto para discussão. Além deste texto, foi entregue uma ficha de avaliação das práticas dos próprios professores, que deverá ser preenchida por eles ao longo dos meses da formação e que servirá também como elemento para nossas discussões pedagógicas. Não se faz necessária a devolução dessa ficha, pois a mesma servirá como registro de suas práticas pedagógicas e também como um instrumento de auto-avaliação. Na seqüência foi aberto um espaço para uma rodada de apresentação dos professores, solicitando que também fossem levantadas questões que eles julgassem importantes no seu cotidiano escolar. A questão que teve maior repercussão foi sobre a violência na escola e como lidar com os aspectos disciplinares dos comportamentos dos alunos. Foi uma discussão muito interessante, pois tentamos retirar a idéia de que a violência é algo da atualidade, mas sim que sempre esteve presente na humanidade. De que as realidades sociais atuais são bastante cruéis e que a violência é uma conseqüência dessas realidades, onde o desemprego é alto, o nível de escolaridade é baixo, o acesso à saúde, à moradia digna e à alimentação adequada não se faz presente. Nossa discussão se encaminhou para a necessidade de trabalhamos em equipe na escola, com as equipes pedagógicas da Secretaria de Educação e também com a comunidade. Tratamos também do papel da educação física nesse contexto, pois entendemos que existe uma maior abertura dos alunos com o professor de educação física. Chegamos ao final da visita com alguns encaminhamentos: leitura do texto entregue para nosso próximo encontro, o qual será no dia 10 de julho na Escola Municipal João de Deus no bairro dos Expedicionários, no período da manhã; a ficha de acompanhamento da prática será preenchida pelos professores como um instrumento que servirá para nossas discussões. E por fim, encerramos nossa visita agradecendo a presença de todos, reforçando o convite para o próximo encontro e fazendo um reconhecimento da escola para conhecermos as instalações físicas e de materiais.
Fernando Cunha

CULTURA CORPORAL E JOGOS ESPORTIVOS: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS DE JOÃO PESSOA

Fernando José de Paula Cunha – Mestre – LEPEC/DEF/UFPB
Vicente de Paulo Rafael Pereira Gurgel – Acadêmico – LEPEC/DEF/UFPB
Jeimison de Araújo Macieira – Acadêmico – LEPEC/DEF/UFPB
Diôgo Severo de Sousa – Acadêmico – DEF/UFPB
Welygton Kleber da Silva – Acadêmico – DEF/UFPB
Jonathan Elias Teixeira Lucena – Acadêmico – DEF/UFPB
Francisca Milena Freire de Souza – Acadêmica – DEF/UFPB
Cínthia Araújo Barbosa – Acadêmica – DEF/UFPB
Corina Helena Mendes Rabelo – Acadêmica – DEF/UFPB

RESUMO
O presente artigo trata da descrição de um projeto de incentivo à docência aprovado pela Pro-reitoria de graduação da UFPB e desenvolvido no DEF, com alunos da escola estadual Almirante Tamandaré, tendo entendimento que a inclusão social não pode significar apenas integrar no sentido de ampliar o acesso ao consumo de mais uma prática cultural. No desenvolvimento do projeto alguns resultados apontam perspectivas de emancipação das idéias pelos próprios alunos da escola, resignificação da prática da educação física enquanto disciplina pedagógica escolar pelos acadêmicos do curso. Agindo diretamente na construção de um conhecimento que seja verdadeiramente significativo em suas vidas.


INTRODUÇÃO

A construção do conhecimento na história da educação não deve ser segmentada enquanto relato fatiado dos sistemas do ensino e suas características gerais e/ou ao etapismo cronológico do pensamento pedagógico. Segundo Lopes (1981), devemos ver a história da educação diante do seu “lugar e o seu papel na história. História feita pelos homens reais, atuantes e condicionados por um determinado desenvolvimento das forças produtivas e do modo de produção que a elas corresponde”. Sendo assim, a instituição escolar, no seu amplo processo histórico de criação, sofreu influências dos mais variados setores da sociedade para chegar a sua atual formação.
Não tão diferente, a disciplina pedagógica educação física teve sua história marcada pelos mais diversos elementos contraditórios que atualmente influenciam em sua prática no âmbito escolar.
Essa afirmação se faz ainda mais clara quando evidenciamos que a construção de um projeto político-pedagógico “representa uma intenção, ação deliberada, estratégica. É política porque expressa uma intervenção em determinada direção e é pedagógico porque realiza uma reflexão sobre a ação dos homens na realidade explicando suas determinações”, conforme citado pelo Coletivo de Autores (1992).
De acordo com Molina Neto e Kreusburg (2001), “o fenômeno da educação física escolar e suas possibilidades devem ser examinadas a luz do contexto no qual se desenvolvem”, ou melhor, no conjunto social na qual está inserida.
Os professores de educação física, como também todos os educadores em geral, precisam ter a consciência, em sua prática educativa, qual o projeto de sociedade e de homem persegue? Quais os interesses de classe que defende? Quais os valores, a ética e a moral que elege para consolidar através de sua prática? Como articular suas aulas com este projeto maior de homem e sociedade? (Coletivo de Autores, 1992, p. 26).
Diante disso, a exigência do professor (a) em enxergar uma educação física como uma disciplina pedagógica revolucionária e que tenha significado dentro da escola através, principalmente, do papel docente, se faz em adota-lá de acordo com o que Castellani Filho (1998) escreveu:
“Como um componente curricular responsável pela apreensão (no sentido da constatação, demonstração, compreensão e explicação) de uma dimensão da realidade social, na qual o aluno está inserido, que denominamos Cultura Corporal, parte da cultura do homem e da mulher brasileiros. O desenvolver de tal capacidade de apreensão tem, por sua vez, finalidade de vir a proporcionar a intervenção autônoma, crítica e criativa do aluno nessa dimensão de sua realidade social, de modo a modifica-lá, tornando-a qualitativamente distinta daquela existente.”

A Cultura Corporal é uma abordagem pedagógica criada pelo Coletivo de Autores, denominada de crítico-superadora, na qual, se baseia por pressupostos Marxistas, voltados para uma concepção socialista de sociedade.
Tal perspectiva encaminha-se em colocar o indivíduo como sujeito transformador da realidade na qual está inserido, sendo o mesmo, elemento articulador de uma práxis social ou prática social que o possibilite em analisar a sociedade nos mais variados elementos pautados na correlação da luta de classes sociais e que sua prática seja direcionada também a autonomia do sujeito, para que ele possa ter autocrítica, conduzindo assim o seu processo de formação universal rumo a um ideal emancipador de formação omnilateral.
Para se trabalhar essa abordagem crítica é preciso correlacionar os fatos históricos sociais e associá-los a contemporaneidade da realidade social, estabelecendo que todas as realizações da sociedade são frutos do trabalho advindo de uma necessidade de superação de uma determinada situação social do indivíduo.
O tema esporte desenvolvido para esse fim é evidenciar que o mesmo, além de ser uma manifestação cultural, é, também, uma materialização do homem e do seu trabalho colocada em uma necessidade de conduzir tal manifestação.
O Projeto “Cultura Corporal e Jogos Esportivos como fator de Inclusão Social: uma experiência com alunos de escolas públicas de João Pessoa” pretende trabalhar o esporte, baseado na cultura corporal, possibilitando condições favoráveis para que a criança e o adolescente em formação passe adequadamente por um desenvolvimento humano de suas capacidades físicas, cognitivas, espirituais, morais, estéticas, sociais e políticas evitando restringir a possibilidade de formação de atletas nas aulas de educação física.
Dessa maneira, o presente artigo tenta mostrar uma nova cara da Educação Física, através das experiências como futuros docentes pelos alunos do curso de Educação Física participantes do Projeto PROLICEN, relacionado no parágrafo anterior, e suas respectivas considerações baseadas na abordagem crítica-superadora da Cultura Corporal.


Objetivo Geral:

• Proporcionar a inclusão e socialização de crianças e adolescentes de escolas públicas próximas a UFPB, através dos jogos esportivos com fins educativos, orientado-as a um processo de cidadania emancipatória voltada à produção e apropriação da sua cultura em todos os âmbitos de sua vida.

• Estabelecer uma relação de compromisso entre universidade e comunidade, pela apresentação de uma postura clara de ação e interesse frente à sociedade que a sustenta.


Objetivos Específicos:

• Produzir o entendimento do valor educacional do esporte, possibilitando o entendimento enquanto forma de representação que o sujeito tem produzido historicamente no mundo e exteriorizado pela expressão corporal;

• Apropriar-se do esporte como meio educativo enquanto patrimônio cultural, a fim de assegurar o direito da prática a estudantes de escolas públicas;

• Propiciar atividades motoras, cognitivas e sociais orientadas por uma planificação com critérios metodológicos adequados do desenvolvimento humano;

• Refletir sobre a interdisciplinaridade valendo-se de diferentes áreas de conhecimentos para solucionar os problemas da prática social, estabelecendo uma unidade teórica sobre conceitos tais como: indivíduo, ensino, educação, cultura, movimento, esporte, etc.


Fundamentos Teórico-Metodológicos

A abordagem pedagógica utilizada no projeto é a do Coletivo de Autores (1992), denominada de crítico-superadora, na qual a mesma apresenta princípios curriculares no processo de escolha dos conteúdos de ensino, onde devem ser levado em consideração: a relevância social dos conteúdos que faz com que o indivíduo crie um significado, correlacionando com a explicação de sua realidade social vigente, oferecendo formas para o entendimento de seus condicionantes sócio-históricos do mesmo em seu meio social. Com isso, a uma interligação direta com um outro princípio que é a contemporaneidade do conteúdo onde há uma garantia de obtenção de um conhecimento moderno que estabeleça nexo com os conteúdos clássicos, pois, esses nunca perdem sua importância com o passar dos tempos por serem imprescindíveis, e, também, almeja-se na escolha dos conteúdos as adequações as possibilidades sócio-cognoscitivas do aluno, dessa forma fazendo com que haja uma adequação do conteúdo frente a uma prática social, tentando transformar o indivíduo como sujeito histórico de sua realidade.
Os princípios metodológicos utilizados para a organização e sistematização do trabalho são expostos da seguinte forma:
- O confronto e contraposição de saberes: no qual existe o uso do conhecimento científico na realidade vigente que o sujeito esta inserido como resposta as exigências da mesma, confrontando com o saber popular, na tentativa de criação de formas criativas e autônomas do pensamento.
- Simultaneidade dos conteúdos enquanto dados da realidade: onde se evidencia a interligação dos conteúdos e a sua relação de dependência para o desenvolvimento do entendimento da realidade, deixando assim a possibilidade de serem compreendidas separadamente.
- Espiralidade da incorporação das referências de pensamento: cisão do conhecimento dito linear para a construção do mesmo pela representação concreta do pensamento, “à medida que as referências de pensamento vão se ampliando”. (Coletivo de Autores, 1992, p.33).
- Provisoriedade do conhecimento: agindo contra a idéia do conhecimento acabado, fazendo com que o aluno desenvolva a noção de historicidade, desde sua origem, no intuito dele se situar como sujeito histórico.

Organização das aulas

No projeto, as aulas acontecem com alunos da escola estadual de ensino integrado e ensino fundamental Almirante Tamandaré do bairro Castelo Branco I, da 6ª série, e agora, com adesão da 5ª série também no ano de 2007, três vezes por semana, com uma hora de duração. As turmas são mistas, com alunos de ambos os sexos, com uma média de 18 alunos por turma, revezando-se as aulas nos ginásios, campos, quadras, pista de atletismo, piscinas, salas de aula e de vídeo do Departamento de Educação Física da Universidade Federal da Paraíba, Campus I, João Pessoa/PB.
Os conteúdos do esporte estão divididos pelas diferentes séries, numa seqüência na qual os alunos estabeleceram coletivamente durante o início do projeto da seguinte maneira: houve uma conversa em roda com os alunos, de ambas as turmas, onde eles nos falaram os esportes que conheciam, e a partir desses elementos, construímos em grupo a ordem cronológica dos conteúdos que seriam aplicados nas aulas.
A nossa proposta de trabalho baseia-se na construção de atividades nas quais os alunos participam junto dos professores, para que se possa suprir as mais variadas necessidades do conhecimento voltado para o aluno, fazendo com que eles participem das aulas por vontade própria.
O professor é o facilitador nesse processo de ensino-aprendizagem, utilizando o mesmo de diversas formas metodológicas de ensino na obtenção dos objetivos traçados para os alunos durante as aulas. Entretanto, o espaço temporal de conclusão dos conteúdos poderá sofrer alterações em detrimento das especificidades de cada turma.
A produção da Cultura Corporal desenvolvida no projeto visa vivenciar plenamente as mais diversas manifestações esportivas produzidas historicamente, para que os alunos, através delas, possam problematizá-las com a sua realidade social, despertando neles o senso crítico na resolução das contradições que venham a surgir no decorrer das aulas e em suas vidas. A partir disso, o aluno terá a possibilidade em tentar resignificar o esporte, propondo novas experiências e reformulações que venham a despertar uma nova prática sistematizada nos pensamentos com e de cada um.

Os Conteúdos

Os conteúdos presentes no projeto são os jogos esportivos, de acordo com o Coletivo de Autores (1992), independendo, na vivência das atividades, muitas vezes das condições materiais oferecidas pela universidade. Os quadros abaixo apresentam os conteúdos escolhidos pelos alunos:

QUADRO I: CONTEÚDOS DOS JOGOS ESPORTIVOS ESCOLHIDOS PELA 6ª SÉRIE DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO INTEGRADO ALMIRANTE TAMANDARÉ E SUA ORDEM CRONOLÓGICA
JOGOS ESPORTIVOS
1. Futebol 9. Futebol de Areia
2. Basquete 10. Judô
3. Vôlei 11. Boxe
4. Handebol 12. Ciclismo
5. Pólo Aquático 13. Xadrez
6. Futvôlei 14. Tênis de Mesa
7. Tênis 15. Futebol Americano
8. Atletismo

QUADRO II: CONTEÚDOS DOS JOGOS ESPORTIVOS ESCOLHIDOS PELA 5ª SÉRIE DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO INTEGRADO ALMIRANTE TAMANDARÉ E SUA ORDEM CRONOLÓGICA

JOGOS ESPORTIVOS
1. Futebol 6. Pólo Aquático
2. Basquete 7. Ginástica
3. Vôlei 8. Tênis
4. Handebol 9. Hipismo
5. Atletismo 10. Ciclismo

Avaliação

O sentido da avaliação no processo de ensino-aprendizagem em Educação Física para o Coletivo de Autores (1992) é o “de fazer com que ela sirva de referência para a análise da aproximação ou distanciamento do eixo curricular que norteia o projeto pedagógico da escola”, no nosso caso, no projeto cultura corporal e jogos esportivos como fator de inclusão social: uma experiência com alunos de escolas públicas de João Pessoa.
Dessa forma, queremos deixar bem claro que a avaliação não deve ser segmentada em partes, ou colocada através de padrões antropométricos e nem a condutas esportivas tiradas dos treinamentos equiparados aos treinamentos dos esportes de alto rendimento. O que podemos frisar “é que a avaliação apresenta, em sua variedade de eventos avaliativos, em cada momento avaliativo, o que a constitui como uma totalidade que tem uma finalidade, um sentido, um conteúdo e uma forma.” (Coletivo de Autores, 1992, p. 112).
A avaliação está servindo como forma de previsão da maneira como anda o processo de ensino-aprendizagem obtido pelo o aluno e também a análise da metodologia de ensino adotada pelos professores está sendo eficiente, sendo assim, uma forma de auto-avaliação das ações do próprio aluno e professores.
As formas avaliativas que podemos destacar em nosso trabalho são: entrevistas com questionários, criação de vídeos, filmes, trabalhos escritos, oficinas para a criação de materiais, apresentações orais dos trabalhos, provas, discussões sobre as temáticas das aulas, criação de novas regras para os esportes trabalhados, organização de eventos, festas, análise dos comportamentos dos alunos durante as práticas em grupo e individuais.

RESULTADOS

Para os alunos: Busca da emancipação de suas próprias idéias, agindo diretamente na construção de um conhecimento que seja verdadeiramente significativo em suas vidas. Isso é destacado em variados momentos pedagógicos que aconteceram, que vão desde as avaliações formais, como exemplo, quando em um trabalho escrito de uma aluna da 5º série sobre o futebol, a mesma buscou informações em outras fontes de pesquisa além das que foram trabalhadas nas aulas para a complementação de sua referida atividade; e até fora das próprias aulas, quando numa festa de confraternização uma aluna da 5º série disse:

“Aqui no projeto estou aprendendo a ter responsabilidades. O esporte fez a gente ter mais respeito e cooperação uns com os outros, coisa que não aprendemos até agora a ter na escola.” (dezembro de 2006).

Aos professores participantes do projeto: A resignificação da prática pedagógica em educação física enquanto disciplina escolar. Pois, isso se deve ao fato de que existe uma necessidade em adotar um novo pensamento pedagógico voltado para a realidade dos alunos, além da aproximação e apropriação de uma metodologia de ensino que nos confere elementos importantíssimos a nossa vida pessoal e profissional, visto que, a perspectiva da cultura corporal faz com que nos reconheçamos enquanto sujeitos históricos do processo de ensino-aprendizagem. Diante do que foi exposto, temos que estar sempre buscando em nossas práticas novas formas de facilitar a compreensão dos conteúdos para os alunos. Isso se faz presente quando utilizamos em nossas aulas: trabalhos acadêmicos, artigos, jornais, revistas, fotos, documentários e ainda produção de vídeos. Silveira e Pinto (2001) falam sobre esse processo de dar um novo sentido a prática pedagógica em educação física através da cultura corporal quando: “(...) à necessidade do corpo de professores criar uma metodologia de ensino coerente com essa proposta, de criar uma nova relação com os conteúdos e de desenvolver aulas adequadas à nova proposta (...)”. Tudo isso demonstra que devemos definir motivos que justifiquem a importância da educação física na escola. Escobar e Taffarel (2005) escreveram:
“(...) análises mais radicais da realidade social atual e, outra, de elaborar uma teoria pedagógica mais avançada, entendendo por “avançada” uma teoria científica que reconheça o campo da cultura corporal como objeto de estudo da disciplina educação física sem perder de vista os objetivos relacionados com a formação corporal, física, dos alunos, mas, os recolocando no âmbito da vida real de uma sociedade de classes (...)”.


CONCLUSÃO

Muitas dúvidas apareceram quando iniciamos esse projeto. Tais questionamentos podem estar ligados à forma como vínhamos conhecendo a prática cotidiana da Educação Física em nossa realidade, na qual, mudança é sinônimo de preconceito. As novas formulações que estão sendo construídas durante nossas aulas através da abordagem critica-superadora nos fazem voar alto e acreditar em novos rumos que se diferenciem de uma visão limitada e descomprometida socialmente com as populações mais necessitadas. Considerações sobre o nosso trabalho podem ser feitas à medida que vemos a evolução de nossos alunos a cada dia com a presente proposta, à medida que eles acreditam, constroem, reinventam e trabalham coletivamente essa manifestação cultural que são os jogos esportivos frente as suas verdadeiras necessidades sociais. A realização da prática pedagógica como futuros docentes e a resignificação do modo de ver a disciplina educação física como um campo do conhecimento comprometido com o processo de transformação social rumo a uma sociedade mais igualitária, de modo que exista “(...) uma Educação Física na escola e não uma Educação Física da escola” segundo (Souza Junior, 1999).

BIBLIOGRAFIA

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. 12 ed. São Paulo: Cortez, 1992;
CASTELLANI FILHO, Lino. Política educacional e educação física. Campinas: Autores Associados, 1998.
SOUZA JUNIOR, Marcílio. A Educação Física é um problema? Definindo o objeto de estudo. Caderno de textos: Curso de Formação – Educação Física numa Perspectiva junto a Educação Popular e Saúde. Núcleo de Educação Física e Desporto/UFPE, 2005.
ESCOBAR, Micheli Ortega e TAFFAREL, Celi Zulke. Cultura Corporal: a razão de ser e estar na escola. Caderno de textos: Curso de Formação – Educação Física numa Perspectiva junto a Educação Popular e Saúde. Núcleo de Educação Física e Desporto/UFPE, 2005.
SILVEIRA, Guilherme Carvalho Franco e PINTO, Joelcio Fernandes. Educação Física na perspectiva da cultura corporal: uma proposta pedagógica. Rev. Brás. Cienc. Esporte, v. 22, n. 3, p. 137-150, maio 2001.
MOLINA, Rosane Mª Kreusburg e MOLINA NETO, Vicente. Educação e Educação Física: o espaço pedagógico para localizar a Educação Física e os fundamentos que podem mantê-la na escola: Reflexões sobre algumas possibilidades. IN: Educação Física Escolar: Política, Investigação e Intervenção, v. 2, p. 13-33, 2001.
LOPES, Eliane Marta Teixeira. Origens da Educação Pública: A instrução na Revolução Burguesa do Século XVIII. 1 ed. São Paulo: Loyola, 1981.

Relatório da visita à Escola Municipal João de Deus - PÓLO 7

Por Professor Fernando Cunha

Este relatório faz parte da formação continuada de professores da rede municipal de João Pessoa, sendo fruto da visita do professor Fernando José de Paula Cunha à Escola Municipal João de Deus, localizada no bairro dos Expedicionários. A visita foi marcada, com os professores do Pólo 7, após o encontro na escola Anita Trigueiro realizado no dia 05 de junho. O dia da visita foi 10 de julho, uma quinta-feira pela manhã no horário das 8:00h às 11:30h, onde estavam presentes a professora da própria escola (Vera); da Escola Anita Trigueiro (Selma e Fátima Maria); Escola Municipal Leonel Brizola (Valéria); e Escola Municipal Matias Freire (Verônica). A professora Vera reservou a sala de vídeo da escola para que pudéssemos nos reunir. Iniciamos a formação com a entrega da ficha de acompanhamento docente e também de novo texto para leitura, além de lembrar os objetivos dos encontros e de como seria nossa dinâmica até o final do ano, sempre tentando tirar as dúvidas e esclarecendo os passos tomados até então. Em seguida, discutimos o texto entregue no encontro anterior onde o tema foi: “Por uma educação física reflexiva que aprofunde a conscientização do aluno” do prof. Waldir Lins de Castro da Universidade Federal Fluminense. Apesar dos professores não terem lido o texto todo e de que duas professoras não tinham o texto, fizemos uma análise do texto a partir de apontamentos que fiz anteriormente. Neste momento iniciou-se um debate que fugiu um pouco do tema central do texto, porém foi um espaço onde as professoras presentes puderam lembrar o último encontro e dizer que após nossa reunião começaram a experimentar novas situações pedagógicas e que tinham sido muito importantes trazer para o grupo situações que elas não estavam conseguindo dá conta. Na seqüência foi aberto um espaço com outras questões que fossem importantes no seu cotidiano escolar. Neste momento a questão que teve maior repercussão foi sobre o trabalho docente e as incertezas do processo de precarização das condições de trabalho. Nossa discussão se encaminhou para a necessidade de não nos omitirmos nos processos decisórios nas escolas e de nossa participação é de fundamental importância, pois cada vez mais as políticas que são implantadas são para retirar os direitos dos trabalhadores, inclusive com o papel de desarticulação dos professores de EF do CREF neste momento. Tratamos também do papel da educação física nesse contexto, pois entendemos que existe uma maior abertura dos alunos com o professor de educação física. Chegamos ao final da visita com alguns encaminhamentos: leitura do novo texto entregue para nosso próximo encontro, o qual será no dia 07 de agosto na Escola Municipal Leonel Brizola no bairro da Torre-Expedicionários, no período da manhã; a ficha de acompanhamento da prática será preenchida pelos professores como um instrumento que servirá para nossas discussões. E por fim, encerramos nossa visita agradecendo a presença de todos e fazendo um registro fotográfico de nosso encontro, bem como, reforçando o convite para o próximo encontro.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

AÇÕES PARA O MÊS DE MAIO

DIA 05 DE MAIO (SEGUNDA)
Reunião na Secretaria de Educação
Favor confirmar presença
Confirmação até o momento: Professora Ana Cláudia
Favor tratar nesse dia do pró-labore dos tutores, repasse da verba para xerox, filmagens e editoração do livro

DIA 09 DE MAIO
Apresentação dos professores e dos tutores
Apresentação do Projeto aos professores
Aplicar questionário (falta elaborar)
Discussão sobre as Concepções Pedagógicas da Educação Física - abordagens (responsável: professor Fernando Cunha)

DIA 23 DE MAIO
História da Educação Física - (responsável: professor Ricardo Lucena)
Abordagem Desenvolvimentista - (responsável: professor Lauro Xavier)

Serão 03 salas do CECAPRO, com três pólos cada uma.

Dia 09 de maio - todos os tutores
Dia 23 de maio, tutores confirmados: Lauro, Evilásio, Ricardo, Fernando, Ana Maria